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Congresso discute uso de cannabis medicinal para tratamento da dor 102n5d

Publicado em 14/10/2023 Editoria: Brasil


CBD-Infos-com/ Pixabay

Especialistas avaliam prs e contras do uso da substncia
O uso de cannabis medicinal para tratamento da dor em pacientes com doenas reumticas ainda gera muitas dvidas. Mdicos reuniram-se no Congresso Brasileiro de Reumatologia, realizado em Goinia no ltimo fim de semana, para discutir os prs e contras no uso da substncia para fins medicinais.
A cannabis uma planta utilizada pelo ser humano h aproximadamente 13 mil anos. da flor que extramos o canabidiol, que o principal produto com indicao medicinal, explicou a mdica reumatologista Selma da Costa Silva Merenlender, integrante da Comisso de Mdias da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Quando falamos da cannabis medicinal, o principal produto a que nos referimos o canabidiol (CBD), que no traz dependncia. A tal dependncia est relacionada aos princpios psicoativos de outro componente da planta, o THC, que mais encontrado nas folhas e nos caules, que encontrado na maconha. importante separar a maconha, que est presente na folha, do CBD, que a cannabis medicinal e que est na flor, acrescentou.
O uso da cannabis tem sido sugerido por mdicos e cientistas para o tratamento de algumas doenas, entre as quais a epilepsia refratria, que conta com estudos mais avanados e tem apontado para um bom resultado. No Brasil, a primeira aprovao [do uso da substncia] foi justamente para o tratamento de epilepsia refratria em crianas, mas j existem evidncias cientficas e que esto em crescimento da utilizao da cannabis medicinal para diversas indicaes neurolgicas, reumatolgicas, imunolgicas, controles de peso, ansiedade e depresso, disse Selma.
No caso da epilepsia refratria, o uso da substncia tem contribudo para diminuir as crises convulsivas em crianas.
Entre as doenas reumatolgicas, a cannabis medicinal est sendo indicada para sndromes dolorosas crnicas como a fibromialgia e para o tratamento da dor relacionadas artrite reumatoide, espondilite anquilosante e psorase. O que a cannabis medicinal faz, alm de retirar a dor, equilibrar o organismo, trazer o paciente para um estado anterior da doena, ou seja, ele fica menos doente. Mas a doena no curada. No caso da artrose, por exemplo, melhora a dor e a qualidade de vida do paciente.
O assunto, no entanto, polmico. Embora seja cada vez mais comum pacientes que fazem uso de cannabis medicinal relatarem melhoras na qualidade de vida, como o deputado estadual de So Paulo Eduardo Suplicy, que toma o medicamento para tratar os efeitos da doena de Parkinson, h poucos estudos cientficos sobre os resultados e tambm sobre os riscos. Isso ocorre principalmente no caso do tratamento da dor, disse a mdica Alessandra de Sousa Braz, professora de reumatologia da Universidade Federal da Paraba e integrante da Comisso de Dor, Reumatismo de Partes Moles e Fibromialgia da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Precisamos valorizar a cannabis medicinal, mas, quando valorizamos, precisamos saber que h prs e contras. Ningum prescreve nenhum frmaco na reumatologia sem saber o que bom ou ruim.
No Brasil, o uso da cannabis medicinal no livre: preciso que um mdico faa a prescrio. At 2015, por exemplo, a venda de algum produto com canabidiol, substncia derivada da cannabis, era proibida no pas. Ento, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) incluiu o canabidiol na lista de substncias controladas. Isso significa que empresas interessadas em produzir ou vender derivados da substncia precisam ter registro na Anvisa e que pacientes tm que apresentar receita mdica para comprar o produto.
Atualmente existem apenas trs formas de o ao canabidiol: em farmcias, por meio de associaes ou por importao. Ainda no existe uma poltica de fornecimento gratuito de produtos base de canabidiol por meio do Sistema nico da Sade (SUS). O que h so projetos em tramitao no Congresso Nacional buscando garantir o o de pacientes que precisam dessas terapias ao SUS.
Estudos incipientes
Mdica em Joo Pessoa, Alessandra costuma receber diversos pacientes que j usam a substncia. Para dores neuropticas mais intensas, e que falharam para outros medicamentos, j h dados de literatura bem importante [falando sobre o uso da cannabis medicinal]. No caso da fibromialgia, que uma doena multidimensional, o paciente no s sente dor. Ele tem dificuldade de dormir, alterao do sono, alterao de humor, alterao da memria. Os pacientes que tm fibromialgia e vem usando a substncia costumam relatar melhora na qualidade de vida, do humor e at da libido. No entanto, as evidncias de que a substncia age sobre a dor ainda so fracas. No sou contra [o uso da cannabis], mas quero saber o uso correto, ter uma indicao assertiva, e que a gente tambm estude os efeitos adversos do medicamento.
Segundo a mdica, tambm preciso esclarecer que o uso desse medicamento no livre para todas as pessoas. Em crianas e adolescentes, grvidas e idosos, a cannabis medicinal pode at apresentar riscos relacionados, por exemplo, memria, problemas cardiovasculares e at associados ao leite materno. No sou contra a cannabis. Sou contra o uso inadvertido at para no queimar etapas, afirmou.
Para Alessandra, faltam mais estudos sobre os efeitos da cannabis medicinal, principalmente os relacionados ao tratamento da dor e aos efeitos colaterais. Como que eu vou estimular o uso de um medicamento que s tem estudo por pouco perodo sem avaliar os riscos de longo prazo?, questionou.
Normalmente, quando se prescreve o remdio, ele a por quatro fases de estudo: um pr-clnico, que antes de ser feito em ser humano para ver se seguro e eficaz; a fase clnica, j no ser humano, quando se faz inicialmente em uma pequena quantidade de pacientes para ver se seguro e, depois, em um grande nmero de pacientes para ver se eficaz e seguro. Depois entra na Fase 4, que o que a gente chama de comercializao. O que me preocupa que preciso uma normatizao: qual a dose, qual o miligrama e qual a posologia correta?, disse a mdica paraibana, em entrevista Agncia Brasil.
Efeitos positivos
A adolescente Yasmim, de 13 anos, foi diagnosticada com lpus, artrite reumatoide e doena de Crohn. Sua me, Silmara Marques Pereira de Souza, disse Agncia Brasil que ela sofre continuamente de dores nas articulaes, enjoos e dores em todo o corpo h cerca de dois anos.
H um ms, por indicao mdica, Yasmim ou a usar a cannabis medicinal como complemento aos tratamentos. Eu achei maravilhoso. O uso da cannabis j levou diminuio do corticoide. Ela tomava 40 mg e agora est tomando 5 mg. Teve altos e baixos, mas, com a cannabis, o sono melhorou muito, as dores reduziram-se bastante. Ela continua sentindo dores,mas est tendo uma vida mais tranquila do que a de antes, acrescentou Silmara.
A reumatologista Selma reforou que terapias com cannabis no so indicadas para todo tipo de doena, mas podem ajudar no tratamento convencional de muitos problemas, entre os quais, a fibromilagia. Isso significa que a substncia pode ser um complemento ao tratamento, atuando em alguns dos sintomas associados doena. Como qualquer medicao, ela [cannabis] tem suas indicaes e suas restries.
No contexto da fibromialgia, melhorar a qualidade de vida, o padro de sono e o transtorno de humor to importante quanto o desfecho da dor. Esses pacientes, s vezes, trazem a dor para um palco secundrio quando todo o resto melhora, reforou uma das mdicas do Rio de Janeiro, que acompanhava a mesa de debate sobre o tema no congresso em Goinia e que recomenda o uso da cannabis medicinal como terapia.
Custo elevado
Mais do que polmica, a cannabis medicinal ainda pouco vel no Brasil, e isso se deve principalmente ao custo elevado da substncia. No tratamento [da Yasmim], que vale para trs meses, est em torno de R$ 400 at R$ 700, informou Silmara, que torce para que a cannabis chegue ao SUS.
De acordo com Selma, o que eleva o preo do medicamento o fato de o cultivo ser proibido no pas. O problema do o est relacionado ao preo. E o preo est relacionado ao fato de ser proibido o plantio da cannabis no Brasil seja para o uso recreativo, que proibido, seja para o uso medicinal. preciso importar todo o leo e dilui-lo aqui no Brasil. E claro que isso vai ficar caro. Este um fator restritivo. Hoje, um tratamento bsico, com uma dose mnima de canabidiol, sai a R$ 200 ou R$ 300 por ms.
Com isso, lembrou Alessandra, apenas pessoas de renda mais alta esto tendo o a esse medicamento. Por isso, a mdica afirmou que a cannabis precisa ser bem estudada e, ento, regulamentada para melhorar o o de toda a populao ao medicamento.
A reprter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Reumatologia


FONTE: Agncia Brasil

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