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Vtimas de violncia devem buscar na psicologia resgate da autoestima 1j3v2a

Publicado em 11/05/2019 Editoria: Brasil


Aps romper o ciclo de violncia, que, em muitos casos, se instala no prprio lar, as mulheres devem iniciar um processo de resgate da autoestima, de acordo com psiclogos. H o consenso de que buscar uma melhora por meio da ajuda de profissionais da rea o mais recomendvel. So eles que conseguem auxiliar as vtimas em busca da dar nomes s emoes. A partir da, de acordo com os especialistas, possvel trabalhar a autoestima que, normalmente, prejudicada depois de episdios de violncia.
Conforme explica Laura Frade, professora do curso de psicologia do Centro Universitrio do Distrito Federal (UDF), o resultado da violncia domstica, na mente da vtima, pode se assemelhar ao que gerado em campos de guerra. Por essa razo, a instruo que o terapeuta identifique em que grau desse quadro a paciente se encontra.
"A pessoa que a pelo processo de violncia domstica, quanto mais prolongado ele , mais tem respostas ao que seria um estresse ps-traumtico. Retirar algum dessa situao significa que ela precisa conhecer o que a resposta que ela apresenta. [O psiclogo] precisa ter conhecimento do grau de profundidade, saber se foi estresse agudo, crnico, e ela [vtima] vai precisar ser retirada desse contexto, criar uma rede de apoio, coisa que cortada, pois ela se sente sozinha, abandonada, j que essa uma das estratgias do agressor, e construir memrias que podem ser agradveis", diz Laura, tambm formada em direito e doutora em sociologia pela Universidade de Braslia (UnB).
Reconhecido pela Classificao Internacional de Doenas, o estresse ps-traumtico pode se manifestar por meio de medo ou terror ativado aps o evento que causou o choque. A pessoa que desenvolve o transtorno tem, por exemplo, lembranas vvidas do acontecido ou, ento, se torna hipervigilante, como se o fato fosse se repetir.
A acadmica lembra que a vtima de violncia a por mudana nas composies bioqumicas do corpo. De acordo com ela, a prova de que o ciclo de violncia desorganiza intensamente a vtima. "H a ampliao do gnglio basal, que so duas estruturas localizadas na regio da nuca, responsveis pela nossa sobrevivncia e que ficam muito ativas durante o perodo de sofrimento", explica Laura.
Alm disso, ela destaca que, depois de ser exposta dor, importante que a pessoa crie novas memrias. Laura afirma que, antes de se abrir para novos relacionamentos romnticos, a vtima deve priorizar a compreenso sobre sua histria. Isso significa, por exemplo, a tentativa de identificar um padro na prpria vida afetiva ou na vida de mulheres prximas de associao entre amor e sofrimento.
"A primeira coisa que se precisa ponderar quando se pensa em novas relaes se est presente a transgeracionalidade. um ato muito comum que compe a violncia domestica e consiste em perceber se, no histrico, elas [as vtimas] tm outras mulheres na famlia que tambm tiveram relaes violentas. Normalmente, tm. Diria que quase um aprendizado domstico, e esse aprendizado precisa ser superado. a primeira coisa a ser reconhecida. Se ele existir, precisa ser trabalhado com o terapeuta, porque, seno, o que ela [a vtima] vai fazer simplesmente trocar o agressor", sublinha Laura.
Escrita redeno
Transmitir ao filho o ensinamento de que toda mulher deve ser tratada com respeito ou a ser uma das principais misses da empresria Susete Pasa, de 47 anos. Ela autora do livro Abusada, que rene recordaes de sua vida, marcada por um relacionamento abusivo. Como muitas vtimas, ela vivia com o agressor. A escritora s conseguiu reunir foras para romper o relacionamento, carregado de violncia, aps 24 anos de casamento.
Susete fugiu de casa, no municpio Estncia Velha (RS), h trs anos. Na ocasio, deixou uma carta ao ex-companheiro que tinha viajado a negcios na companhia de outra mulher. Assim, ela retornou a Arroio do Tigre (RS), sua cidade natal para morar com a me. No momento, ela estuda acionar a Justia para que o marido seja retirado da residncia do antigo casal.
A empresria afirma que, embora soubesse de casos de traio do ex-companheiro, acreditou, por muito tempo, que no se sustentaria sozinha. Ela achava que devia continuar com o relacionamento para que os negcios do casal no tivessem prejuzo. Entre as agresses relatadas, ela conta que o ex-marido chamava-a de burra na frente de clientes do casal.
"S fui descobrir que fui vtima de abuso no ano ado. Aqui no interior a coisa mais normal trair e tratar mal", desabafa, acrescentando que o pai sempre foi rspido com a me e visto como o "chefe da casa".
Ao longo do casamento, de acordo com Susete, ele teve depresso por se sentir desprezada e manipulada pelo ex-marido. "Logo no incio, percebi que era muito ciumento, mas na poca achava at legal, me sentia valorizada pelos cimes dele, no imaginei que fosse trao de abusador. Com 22 anos, tive meu filho, o Guilherme. Depois disso, ele [ex-marido] comeou a ter atitudes bem grosseiras quanto ao meu corpo, comeou a me maltratar e isso foi se intensificando, e fui ficando cada vez mais fechada, triste, meu comportamento foi mudando", conta.
Para ela, sair com os amigos e voltar a socializar tem sido uma tarefa difcil. "O problema que foi muito tempo [de relacionamento]. Ento, nunca estive na noite sozinha, sem uma pessoa, um amparo. Ele era um amuleto na noite tambm, eu o via como figura protetora. Mesmo me fazendo mal, eu o enxergava como uma figura de proteo. Levei muito tempo para comear a sair, e no digo nem pra conhecer outros homens, mas com as minhas amigas. Levei mais de um ano para jantar fora."
Susete diz que, ao reunir as histrias para o livro, encontrou fora e, atualmente, no h mais vergonha em deixar que outras pessoas saibam que ela foi vtima de violncia. "O que mais me fez bem em escrever esse livro, alm de me curar das culpas que senti quanto ao meu relacionamento, foi no ter mais vergonha nenhuma de dizer que sou uma vtima. No ado, sim, eu tinha. Hoje, no tenho mais. s vezes, as vtimas podem imaginar que s se matar que a sada, mas possvel, sim, sair [do ciclo de violncia]. H momentos em que a gente se v sem sada, s pensa em se matar, que ou fica com a pessoa, ou morre, sente um desespero de no conseguir, e isso no vergonha. No gente que tem que se envergonhar, e sim eles [os agressores] que devem ter vergonha por deixar a gente nesse estado", afirma.
De acordo com a Secretaria de Segurana do Rio Grande do Sul, somente em fevereiro deste ano dado mais atualizado apresentado pela pasta foram registrados 2.953 casos de ameaa contra mulheres, 1.777 ocorrncias de leso corporal, 102 estupros e 23 tentativas de feminicdio. Naquele ms, um feminicdio se consumou.


FONTE: Agncia Brasil

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