Celulares so as maiores armas do PCC, diz delegada durante operao 512y20
Publicado em 20/03/2019
Editoria: Polcia
Presos foram apresentados pela Polcia Civil, na sede da Deco. - Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado
Por meio de celulares, presos ligados faco Primeiro Comando da Capital (PCC) conseguiram montar uma central de inteligncia para planejar a execuo de 12 servidores da segurana pblica de Mato Grosso do Sul, como policiais e agentes penitencirios.
Com aparelhos de ltima gerao que garantem o internet, os criminosos am redes sociais e pginas oficiais do governo para obter informaes sobre lotao, transferncia e rotina particular dos alvos. A descoberta reflete a ineficcia do Estado em proibir a entrada de telefones nas unidades prisionais.
O plano foi descoberto ao longo de quatro meses de investigaes realizadas pela Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco). Nesta quarta-feira, a Deco deflagrou a Operao Impetus, juntamente com o Batalho de Choque da Polcia Militar, com objetivo de capturar as lideranas do PCC responsveis pela coordenao dos atentados.
Ao todo, cinco integrantes da faco foram conduzidos Deco para prestarem depoimento. So eles Augusto macedo Ribeiro, Diego Duveza Lopes Nunes e Willyan Luiz de Figueiredo, que estavam presos no Estabelecimento Penal de Segurana Mxima Jair Ferreira de Carvalho, em Campo Grande, e Laudemir Costa dos Santos e Waltensir Sampatti Nazareth, que estavam na Penitenciria Estadual de Dourados (PED).
A delegada Ana Cludia Medina, titular da Deco, disse que agentes e investigadores notaram movimentao suspeita entre presos da Mxima, especificamente no Pavilho 2, onde encontram-se os faccionados. Vimos tambm que havia alguns registros de boletim de ocorrncia de ameaas sofridas por servidores, mas de uma forma diferente do que estvamos habituados, explicou.
A partir da suspeita da existncia de algo maior, a Deco e a Agnci Estadual de istrao do Sistema Penitencirio (Agepen) realizaram vistoria no presdio da Capital, oportunidade em que foram apreendidos diversos celulares. Ao analisarmos os aparelhos, descobrimos que havia um tipo de central da inteligncia, assim como na polcia, montada pelos criminosos para planejar atentados contra servidores. Os celulares so as maiores armas usadas pelo PCC, afirmou.
VIDAS EXPOSTAS
De acordo com a delegada, os cinco investigados compunham ncleo do PCC que, a mando do Resumo, como eles chamam a chefia principal, lideravam e distribuam tarefas a outros presos e comparsas que esto soltos. Eles sabiam tudo da vida de cada um. Os servidores estavam marcados para morrer, pontuou Medina. Ou seja, os alvos tiveram suas vidas particulares expostas..
Muitas informaes eram obtidas pelas redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter e compartilhadas, de forma compartimentada, com outros criminosos por WhatsApp. At mesmo detetives particulares eram usados.Os lderes am atribuies especficas para cada um, mas um no sabia o que o outro estava fazendo.
Tais atribuies iam desde monitorar as redes sociais e grupos, incluindo perfis fakes, at acompanhar o Dirio Oficial do Estado para checar nomeaes, transferncias e promoes. Ns encontramos prints de uma publicao do Dirio Oficial com uma lista de promoes dos servidores. Eles sabiam onde as vtimas moravam, com quem se relacionam e at os carros.
A Polcia Civil acredita que o policial militar Juciel Rocha Professor, de 25 anos, morto em uma lanchonete no dia 10 de fevereiro, em Maracaju, tenha sido alvo do plano. Isso porque Maicrom Selmo dos Santos, preso pelo crime, chegou ao presdio com status de liderana, como se tivesse sido promovido pelo ato. Foi descoberto que o grupo mantinha contatos e agia em outras cidades, alm de Campo Grande e Dourados, incluindo tambm Trs Lagoas, Navira, Corumb e Dois Irmos do Buriti.
CELULARES EM PRESDIO
A delegada refora de que no h dvidas da importncia dos celulares para a comunicao dos presos com os comparsas. A Agncia Estadual de istrao do Sistema Penitencirio (Agepen) destacou que na Mxima h uma esteira detectora que auxilia os agentes nas fiscalizaes, juntamente com escneres corporais. Rotineiramente so realizadas vistorias que resultam na apreenso de objetos proibidos nos presdios.
No entanto, muitos celulares chegam unidade por meio de arremessos. Apesar da existncia de cmeras de segurana externas e de policiais militares na muralha, muitos aparelhos ainda conseguem chegar aos presos. A Secretaria Estadual de Justia e Segurana Pblica (Sejusp) disse que h bloqueador de celular na Mxima, mas entende que a tecnologia tem limites. Alm disso, aguarda resoluo do Governo Federal para fazer novos investimentos. Confira abaixo nota da Sejusp.
"A Secretaria Estadual de Justia e Segurana Pblica (Sejusp), informa que o sistema penitencirio de Mato Grosso do Sul conta com a tecnologia de bloqueio de celulares, porm necessita de atualizao. Para ampliar a efetividade do sistema, a Sejusp aguarda a aprovao, pelo Congresso Nacional, do projeto do senador Euncio de Oliveira, que que prev que as operadoras de celular instalem nos presdios bloqueadores de telecomunicaes. Juntamente com os secretrios de todas as unidades da Federao, o dirigente da Sejusp durante uma reunio do Colgio Nacional de Secretrios de Segurana, encaminharam um expediente ao ministro Srgio Moro e ao presidente da Repblica, solicitando celeridade na aprovao de projeto".
FONTE: Correio do Estado