O ltimo a sair apaga a luz o desespero de quem para de trabalhar amanh b5ft
Publicado em 20/03/2020
Editoria: Cidade
dia de despedida, temporria no comrcio de Campo Grande. No ltimo dia antes que e a valer decreto que obriga diversos setores comerciais a fecharem as portas at o dia 5 de abril, desespero e melancolia dividem espao entre os dos trabalhadores. Sem saber se tero emprego ou mesmo como pagar as contas, o medo do contgio do coronavrus parece ter perdido a prioridade. No comrcio da pandemia, o ltimo que sair apaga a luz o desespero de quem vende para comer.
Um clima de ineditismo, de que esta uma poca que entrar para os livros de histria, j comea a se refletir nos semblantes de funcionrios e pequenos proprietrios nesta sexta-feira (20), que por no terem referncias para lidar com o cenrio, esto preenchidos por incertezas. H, entre eles, quem no estava sabendo do decreto que suspendeu o atendimento presencial para conter a pandemia na cidade.
Com os acontecimentos dirios (que levam em conta principalmente a evoluo dos casos) o comrcio no conseguiu planejamento a tempo e promoo para fisgar os clientes antes do encerramento no se v.
Por outro lado, algumas lojas j fizeram escalas com os funcionrios e no esto recebendo mais produtos dos fornecedores.
Gerente de uma loja de roupas na Rua 14 de Julho, Tatiana Aparecida da Silva est preocupada porque a empresa ainda no deu informaes sobre o salrios dos funcionrios. Estou preocupada com o meu salrio, como a empresa vai lidar?, comentou.
O ourives Nagib Maluf, proprietrio de loja na Rua Baro do Rio Branco, j est resignado. Isso porque no foi preciso decreto para que ele entendesse o que ia acontecer. O movimento j caiu completamente.
Para mim tanto faz. Costumo receber 50 pessoas por dia, ontem vieram 3, hoje nenhuma, pra mim impedir s ratificar uma cosia que j vinha acontecendo, disse ele, que pretende ir para a chcara onde vive e no realizar nenhum trabalho interno na loja, modalidade permitida pelo decreto.
Nunca ei por isso na minha vida - O desespero toma conta da cabeleireira Aparecida Maria da Silva, 64, que trabalha em um salo de beleza na Rua Cndido Mariano. Em 42 anos de profisso, a primeira vez que ela presencia uma medida como esta. Aparecida representa o smbolo da vulnerabilidade ao vrus: depende do emprego e idosa.
Nunca ei por isso na minha vida, ouvi rumores, mas no sabia do decreto. Eu moro sozinha, sou viva, minha nica fonte de renda essa. No sei como vai ser assistncia do poder pblico, no sei como vou pagar as contas, estou muito preocupada. Eu tenho que trabalhar, prefiro correr o risco a ficar sem ganhar esse dinheiro, itiu.
Diego Moura, 35, se antecipou e deu frias coletivas aos funcionrios de uma loja de semi joias na Rua 14 de Julho, na quinta-feira (19). S eu vou fazer trabalho interno, disse, em aluso a pequenos consertos. Consciente, j ligou para muitos clientes avisando que no podem ir at a loja a partir de amanh.
Livros esquecidos Na histeria de quem estoca comida e deixa os outros sem ter o que comprar no mercado, os livros ficam no fim da pilha de prioridades. Para quem vende histrias, esse o desespero. Moacir Goires, 59, j se aposentou, mas complementa a renda curta com uma banquinha de livros no centro. O movimento j despareceu essa semana. O medo, disse, no conseguir pagar nem o valor fixo pelo uso do espao. O aposentado contou que as despesas como luz e aluguel custam R$ 1 mil.
Nesses 15 dias no vou poder ganhar dinheiro, no sei como vou fazer para pagar as contas, estou com medo desse tempo impactar e eu no poder arcar com as obrigaes, lamentou.
Quem ajuda os vulnerveis Em Campo Grande, a Prefeitura j anunciou que a cobrana das contas de gua e luz esto suspensas por 60 dias.
A grande expectativa, ainda assim, se volta ao governo federal, que ainda no consolidou plano claro para conter o que j parecer ser uma das piores recesses econmicas da histria do pas.
FONTE: Campo Grande News