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Defensoria encontra situao catica no maior hospital do interior 3v6v5d

Publicado em 20/08/2019 Editoria: Sade


Aps vistoria ontem no Hospital da Vida, defensora diz que unidade s tem condies de funcionar parcialmente
Em nova vistoria, feita na noite de ontem (19), a Defensoria Pblica de Mato Grosso do Sul confirmou o caos instalado na sade de Dourados, maior cidade do interior e responsvel pelo atendimento do SUS (Sistema nico de Sade) a moradores de 33 municpios da regio.
Relatrio de 11 pginas elaborado pela defensora pblica Mariza Fatima Gonalves, ao qual o Campo Grande News teve o, traz detalhes da situao de abandono em que se encontra o Hospital da Vida, maior unidade de porta aberta do interior e referncia em atendimento e urgncia e emergncia para uma regio com pelo menos 800 mil habitantes.
Pacientes infectados com superbactria expostos a condies desumanas, pessoas esperando atendimento no corredor, falta de insumos e medicamentos, rea de descanso dos profissionais tomadas pelo mofo devido a vazamentos e funcionrios fantasmas, que s aparecem para receber o salrio. Essa a realidade encontrada na vistoria.
Advogada a mal Alm da defensora Mariza Gonalves, estiveram no hospital o assessor jurdico Rafael Dias Figueiredo e a presidente da Comisso de Sade da 4 Subseo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Heleza Izidoro.
A advogada, no entanto, teve de abandonar a vistoria antes do fim do trabalho depois de ar mal em decorrncia das condies verificadas no hospital gerenciado pela Funsaud (Fundao de Servios de Sade), rgo que faz parte da estrutura da prefeitura.
Desde junho deste ano a Funsaud est sob interveno da prefeitura, mas a interventora a prpria secretria municipal de Sade, Berenice Machado de Souza.
Faltam condies e profissionais - Constatamos que a instituio atualmente possui condies parciais de funcionamento, alm de higiene comprometida, falta de insumos e medicamentos bsicos, e condies fsicas inadequadas do local em funo da reforma iniciada e paralisada, afirma a defensora pblica no relatrio.
Mariza Gonalves continua: imprescindvel tomada de providncias urgentes para a adequao no nmero de mdicos e profissionais de enfermagem a fim de garantir qualidade e segurana durante a prestao da assistncia.
A defensora apontou ainda a necessidade de visitas e inspeo de retorno para averiguar as providncias adotadas pela instituio de modo a garantir assistncia segura e livre de situaes que possam incorrer em impercia, negligncia ou imprudncia que comprometam a sade e a vida dos pacientes.
Denncia De acordo com a Defensoria Pblica, a visita de ontem foi motivada aps denncias de parentes da paciente Luciene Gois da Silva, que morreu sexta-feira (16) no Hospital da Vida. Na denncia, eles relataram que devido falta de pagamento ao laboratrio no estavam sendo feito os exames de Luciene e de outros pacientes internados na enfermaria cirrgica.
Logo na entrada do hospital, em local inapropriado, aberto, prximo ao corredor, encontrava-se a paciente Angelina Nogueira Pinho (72 anos) de Itaquira/MS, apresentando quadro de lcera sacral infectada feridas abertas e relatando falta de ar, sob o uso de soro e antibiticos para tratamento de infeco bacteriana, afirma o relatrio.
A defensora cobra local para permanncia de pacientes esperando atendimento e transferncia. Segundo ela, o local usado atualmente totalmente inapropriado, pois expe o paciente a constrangimento por ser local aberto, anexo a um corredor de entrada do hospital, sem qualquer privacidade, alm do risco de infeces.
Segundo Mariza Gonalves necessria a alocao de leitos em carter de urgncia em local adequado para minimizar os impactos negativos para assistncia do paciente e a negligncia durante sua estada na instituio.
Pelo menos quatro pacientes foram encontrados em macas no corredor prximo rea vermelha e todos relataram j terem sido atendidos por mdico, diferente do verificado na vistoria da semana anterior.
Enfermaria Foi na enfermaria que a vistoria de ontem encontrou o pior cenrio. Vistoriamos primeiro o quarto 6 da ortopedia. Assim que entramos no quarto, sentiu-se um abafamento muito grande. O ar condicionado, embora ligado, estava sem funcionamento e no h janelas no local. L estavam internadas duas pacientes. Apenas aps termos entrado no quarto foi nos dado conhecimento que as duas pacientes encontram-se infectadas com bactrias resistentes, sendo que umas das pacientes est acometida de grave infeco bacteriana de difcil controle, afirma o relatrio.
Uma das pacientes, Simone Leite Carneiro, de 60 anos, de Deodpolis, narrou dificuldade com a realizao de exames mdicos. Apenas aps ela denunciar o caso ouvidoria do Hospital da Vida os exames foram colhidos, mas os resultados demoraram para ser entregues.
O relatrio cita que a paciente ou por cirurgia ortopdica, estando com pinos na tbia e no calcanhar. Aps o procedimento foi acometida com infeco bacteriana, denominada osteomelite crnica, na perna esquerda.
A segunda paciente, Oracy Rodrigues dos Santos, 73, de Dourados, deveria estar em isolamento, segundo informou equipe de vistoria uma enfermeira que pediu para no se identificar por medo de represlias. O diagnstico de Oracy tambm de osteomelite crnica, em razo de fratura no fmur direito.
Ambas pacientes reclamaram estar sofrendo por conta da ausncia de ar condicionado e ventilao no quarto, vez o local do osso qual se encontra infeccionado incomoda muito mais com o suor, afirma o relatrio.
O banheiro do quarto est em precrias condies, com mofo e odores fortes. A paciente Luciene, morta na sexta-feira em razo de infeco bacteriana, permaneceu por longo tempo internada nesse quarto.
Indagamos s enfermeiras, que confirmaram a situao e expressaram a preocupao, pois o ar condicionado, para pacientes com infeco, em geral, primordial, principalmente nos casos das duas pacientes com infeces nos ossos, sendo o ambiente refrigerado de grande importncia no tratamento, afirma a defensora.
Logo aps a vistoria no quarto 6, a presidente da Comisso de Sade da OAB precisou se ausentar por estar ando mal durante as visitas.
A vistoria continuou nas demais dependncias do hospital, onde a situao catica se repete quartos sem ar condicionado, pacientes esperando exames, sanitrios precrios, paredes tomadas pelo mofo inclusive no espao destinado para descanso dos funcionrios da enfermagem e mobilirios enferrujados.
Sem horas extras A defensora pblica tambm cita relatos de profissionais de enfermagem que afirmaram terem de trabalhar alm da carga horria, sem receber horas extras suspensas pela direo do hospital para cobrir a falta de outros funcionrios. Houve relato at do caso de uma enfermeira que seria fantasma, ou seja, est contratada no local, mas no aparece para trabalhar.
O dficit de mdicos, enfermeiros, tcnicos e auxiliares de enfermagem representa risco aos pacientes, vez que acarreta sobrecarga de trabalho, levando a aumento dos riscos de negligncia, impercia e imprudncia, improvisao na assistncia, estresse fsico e psicolgico gerado pelo desgaste emocional em trabalhar sob presso, afirma a defensora.
A vistoria enfermaria cirrgica foi suspensa antes de serem verificados os demais quartos porque um dos pacientes entrou em surto, ficou bastante agitado e agressivo com as enfermeiras e com o acompanhante, querendo sair fora do hospital.
No havia mdico na rea verde para prescrio de medicao ao paciente em surto. Esta defensora solicitou a enfermeira que providenciasse um mdico da outra rea para atender o caso do paciente e suspendeu as visitas aos quartos e entrevistas na enfermaria cirrgica.
As condies de trabalho disponibilizadas aos mdicos e, principalmente aos profissionais de enfermagem so totalmente inadequadas. Os profissionais de enfermagem entrevistados narraram que faltam produtos bsicos, como insumos para higienizao/lavagem adequada das mos, como sabo lquido desinfetante, papel toalha, alm de no haver lcool gel e lavabos, afirma o relatrio.


FONTE: Campo Grande News

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