Bombeiros durante combate s chamas tambm em junho, madrugada adentro, no bioma em Mato Grosso do Sul (Foto: Bruno Rezende/Governo de MS)
A anlise foi feita com base nas condies observadas em junho deste ano, ms atpico para os incndios
O fogo comeou cedo no Pantanal, este ano. Tanta antecedncia no era esperada, nem pelos pesquisadores, nem pelos moradores tradicionais.
Houve combate s chamas at durante o perodo de cheia e houve um junho crtico como nenhum outro nos ltimos 22 desses meses analisados ano a ano pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Parte disso pode ser explicado pelas mudanas climticas provocadas pela ao humana. Estudo divulgado hoje (8) pelo grupo WWA (World Weather Attribution), apontou que elas levaram o Pantanal a ter condies de quatro a cinco vezes mais favorveis para o fogo comear e se alastrar em junho.
As chamas foram impulsionadas pelo aumento das temperaturas e a reduo das chuvas. A falta de precipitao deixou e ainda deixa, porque no chove significativamente por l h mais de trs meses o ar seco e a vegetao altamente inflamvel.
Essas condies so extremamente raras no bioma. Antes, elas eram observadas a cada 160 anos, afirma a pesquisadora do Lasa (Laboratrio de Aplicaes de Satlites Ambientais), Renata Libonati. Mas aram a ser muito mais frequentes, como destaca o WWA, e j so esperadas a cada 35 anos.
Mato Grosso do Sul foi o Estado onde o Pantanal mais virou cinzas em junho e em todo o ano at agora. Somente naquele ms, a perda foi de 411 mil hectares. At ontem (6), ela era superior a 1 milho de hectares. Se for considerado tambm o que queimou em Mato Grosso, a rea equivalente metade do territrio da Blgica.
Pode piorar - O aquecimento global j bateu a marca de 1,5C no planeta, segundo o servio climtico da Unio Europeia. Se os 2C forem atingidos, as condies sero ainda mais extremas e mais favorveis aos incndios no Pantanal.
No mesmo estudo citado aqui, o WWA estima que o fogo intenso em junho pode se tornar 17% mais provvel e duas vezes mais frequente.
Medidas - O Pantanal a maior rea alagvel do mundo. O regime de chuvas e a sua relao com a fauna e flora so o corao do bioma.
O estudo do WWA indica que medidas para evitar o desequilbrio climtico, so reduzir a emisso de combustveis substituindo as fontes de energia por opes renovveis e mais limpas, alm de impedir o desmatamento e reforar as proibies s queimadas controladas feitas para o manejo das reas.
medida que as emisses de combustveis fsseis aquecem o clima, as zonas midas aquecem, secam e transformam-se numa caixa de plvora. Isso significa que pequenos incndios podem rapidamente se transformar em incndios devastadores, independentemente de como comearam", destaca a pesquisadora Clair Barnes, do Grantham Institute, centro de estudos sobre mudanas climticas da Inglaterra.
Sobre as queimadas controladas, Renata Libonate defende que a janela permitida seja encurtada. Ela acredita que a Lei do Manejo Integrado do Fogo sancionada em 31 de julho deste ano, um o importante para a gesto dos incndios no bioma. Veja aqui o que a legislao diz, em detalhes.
"[A lei] uma luz uma luz no fim do tnel. o primeiro o e um o importante que o Brasil deu de forma pioneira, internacionalmente, para que e a haver uma nova forma de gesto de incndios florestais, o que vai trazer inmeros benefcios para todos", afirma a pesquisadora do Lasa.
Causas imediatas - Libonate lembra que as mudanas climticas se somam a questes imediatas para influenciar o aumento dos incndios no Pantanal, sendo elas 99% relacionados ao humana. "Sejam acidentais, sejam intencionais. A maioria no relacionada a causas naturais, como a ocorrncia de raios", refora.
A pesquisadora acrescenta que a resposta aos incndios, na forma de combate, satisfatria. Porm, as caractersticas do fogo e as condies meteorolgicas tornam esse trabalho difcil demais e inglrio. " preciso atuar mais em preveno", pontua.
FONTE: CG News
