O Hospital Veterinrio do CRAS (Centro de Reabilitao de Animais Silvestres) em Campo Grande registrou 2.112 atendimentos desde a inaugurao em 14 de setembro de 2023. A maioria dos pacientes so aves, representam 70% da demanda na unidade. Muitas chegam ao local vtimas de trfico, de acidentes e de criaes em cativeiro.
Neste momento, um papagaio que viveu dcadas com uma famlia dentro de casa est em quarentena no hospital. Apesar de muito inquieto, apresenta bom estado clnico. Segue em observao porque as penas apresentam uma colorao diferente do normal. De acordo com a mdica veterinria Jordana Toqueto, a alimentao inadequada uma das principais consequncias no caso de animais silvestres criados em cativeiro.
Eles ficam com deficincias nutricionais que chegam a prejudicar o funcionamento de rgos, principalmente o fgado. Um papagaio pode viver 80 anos, mas com isso a expectativa de vida pode diminuir. Outro problema que a maioria das pessoas deixa em gaiolas pequenas, isso acaba lesionando asas, penas, conta.
Os papagaios lideram a lista dos pacientes mais atendidos na unidade. Seguidos de maritacas, gambs, araras, periquitos, rolinhas, jandaias, jabutis, tucanos, bem-te-vis, jiboias, pardais, pombas, corujas, curiangos, urutaus, curicacas, gavies, urubus, tamandus, pombas e capivaras.
Um dos primeiros pacientes do hospital um lobinho filhote e rfo, atropelado na estrada, trazido de Trs Lagoas para o CRAS por policiais militares ambientais um dia aps a inaugurao da unidade. Sem condies de ser reintegrado natureza, ele mora no Centro e voltou a ser internado porque machucou uma das patas. um jovem lobinho que pela avaliao dos veterinrios pode estar estressado e por isso talvez tenha provocado as prprias leses.
Coordenadora do CRAS, a mdica veterinria Aline Duarte comemora as avanos com o funcionamento do hospital garantindo uma assistncia mais rpida, direcionada e diagnsticos mais assertivos. "Antes precisvamos recorrer a outros lugares para fazer exames como raio X, por exemplo. Tnhamos que procurar universidades ou outros parceiros, esperar disponibilidade, agora temos o nosso, isso j agiliza. Conseguimos concentrar todo o atendimento em um s lugar. Isso j foi um ponto crucial para definir o que fazer quando o animal chega aqui", explica.
Em mdia o Centro de Reabilitao costuma receber 2.500 animais silvestres por ano. Em 2023 o nmero saltou para 3.228, 60% se recuperaram. A maioria da demanda resultado de capturas da Polcia Militar Ambiental (PMA), seguida da entrega por voluntrios e apreenses.
"Os domesticados, por exemplo j tm caractersticas humanas. Muitos chegam com mltiplas fraturas, incluindo vtimas de atropelamento e at arara com leso de cerol que perdeu a asa. A maioria dos animais que a gente recebe est nessas condies. Ento no vai fechar a conta pela situao que o animal j chega aqui", diz Aline Duarte.
Ainda de acordo com ela, quando os animais chegam filhotes existe um cuidado na reabilitao para no ficarem dceis, acostumados com a presena humana. Todo este trabalho para tentar que ao menos uma parte dos pacientes recuperados tenha condies de voltar natureza.
"Quando a gente chega na parte de soltura desses animais conseguimos ter a gratificao do nosso trabalho. Saber que a gente consegue recuperar ao menos alguns e devolver natureza. Quando a gente abre uma caixa e esse animal sai voando, sai correndo... por isso que a gente trabalha. Para pode ver esse momento acontecendo. o que nos motiva, nos emociona", conta a coordenadora do local.
Estrutura - Com 1.153,33 metros quadrados de rea construda, o Hospital Veterinrio para Animais Silvestres do CRAS foi batizado de Ayty (pronuncia-se ait), nome oriundo da lngua Tupi-Guarani que significa cuidado, acolhimento. O Governo de Mato Grosso do Sul investiu R$ 6,1 milhes para construir e mobiliar o local que j nasceu como o maior e mais moderno das Amricas.
FONTE: Comunicao Governo de MS