Trs anos aps a Maria do Jacar morrer, responsabilidade foi para a nora, Valdirene
Quando Eurides de Ftima Macena de Barros, a Maria do Jacar, morreu, quem assumiu a responsabilidade de tratar dos jacars na regio do o do Lontra, s margens da BR-262, foi seu filho, Maurinei Macena de Barros. Trs anos se aram e, nesse tempo, os filhos no conseguiram manter a tradio. No fim das contas, o legado s conseguiu ser mantido por outra mulher, a nora de Eurides, Valdirene Sobrinho de Arajo.
Com um berrante, Eurides conseguia reunir cerca de 60 jacars no quintal de casa e dividia a rotina com a presena dos animais. A mulher ficou conhecida pelo contato com os bichos e quando faleceu aps complicaes por uma parada cardaca, a fama continuou.
Na poca, Maurinei contou ao Lado B que estava tentando manter os animais por perto, mas a dificuldade era notvel. Eles sentem falta dela. Eu sigo tocando aqui o espao, mas eles eram acostumados com o chamado dela. Ela reunia dezenas, mas agora so poucos jacars que vm at aqui em relao a antes.
Sem desistir da histria, o rumo da narrativa mudou mais uma vez e, se vinculando com os bichos antigos e filhotes, Valdirene quem toma conta.
Permanecendo no mesmo ponto, a nora de Eurides explicou que no chegou a conhecer a sogra. Isso porque a unio com Maurinei veio dois meses aps o falecimento da mulher.
Mesmo assim, o desejo da sogra continuou valendo e se tornou a nova funo de Valdirene. Era o desejo dela que continuasse o legado, resume a nora.
Sem ter ideia de como poderia se aproximar dos animais, ela conta que a iniciativa foi sua e comeou a pegar dicas com o marido. Mas, alm do conhecimento familiar, a comerciante garante que precisou pesquisar vdeos para tomar coragem.
Como de se esperar, o medo prevaleceu por um bom tempo e foi necessrio quase um ano e meio para que ela se sentisse totalmente segura. Por outro lado, os jacars tambm resistiram por longos meses antes de se acostumarem com ela.
De acordo com Valdirene, nem todos os animais seguiram por ali. Dos 60 animais, hoje cerca de 20 se renem no mesmo espao.
Do total, parte integra o grupo antigo e outros formam a nova gerao com filhotes. Outro ponto curioso que dona Maria dava nome aos jacars e conseguia identificar a maioria deles.
Com ajuda do esposo, Valdirene aprendeu o nome de alguns e conta que necessrio se atentar aos detalhes para identificar. Entre alguns exemplos, ela cita Taffarel, que tem uma das patas amputadas, Guerreiro, Ronaldo, Romrio e Felipo, que s tem metade do rabo.
Sobre o cotidiano, a comerciante narra que alimenta os animais com cerca de 250 quilos de midos durante 15 dias. As refeies so fornecidas s 6h e s 18h, alm de momentos em que turistas pedem.
E, para manter as atividades, ela e o marido cobram cachs dos turistas, vendem itens gerais e fazem marmitas para caminhoneiros que am pela BR-262.
FONTE: Campo Grande News