Rota Biocenica coloca o MS em outro patamar com novo cenrio l3g3l
Publicado em 22/12/2023
Editoria: Infraestrutura
Enquanto Mato Grosso do Sul se prepara para a Rota Biocenica, especialistas j apontam algumas tendncias e perspectivas do ponto de vista econmico, com a implantao desta nova alternativa para alcanar o mercado asitico. A professora Doutora Luciane Cristina Carvalho, coordenadora do curso de Cincias Econmicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), estuda a Rota h cinco anos. Para ela, a Rota Biocenica ter como principal atrativo a incluso de produtos locais.
H perspectiva de ampliar as exportaes dos produtos que j so comercializados com o continente asitico e que representam cerca de 50% das exportaes de Mato Grosso do Sul. Alm disso, haver uma maior integrao regional com os pases vizinhos, garante a pesquisadora.
Na avaliao da pesquisadora, existe uma tendncia do aumento na comercializao de carnes, alimentos processados, pescados, vesturios, celulose e minrios.
Existe ainda a possibilidade da entrada de novos produtos na cesta da balana comercial. Isso vai depender tambm do empreendedorismo no estado e da oferta, por exemplo, da economia criativa, avalia.
De acordo a professora, a Rota Biocenica ainda vai proporcionar a criao de diversos empreendimentos, como por exemplo, o estacionamento de repouso. J existe um que foi implantado por uma distribuidora em Porto Murtinho. Mas, podero surgir outros para ar o fluxo de trnsito e tambm a criao de postos alfandegrios e espaos para as agncias intervenientes do comrcio exterior. Em Campo Grande, h expectativa que a capital se torne um hub logstico. importante a criao de um centro de distribuio e a criao da Estao Aduaneira do Interior (EADI) ou um porto seco, menciona a professora da UFMS.
S para se ter ideia do potencial econmico da Rota Biocenica, de janeiro a setembro deste ano, as exportaes sul-mato-grossenses contabilizaram cerca de US$ 7,2 bilhes e as importaes em torno de US$ 2 bilhes, indicando um supervit de US$ 5,2 bilhes. Junto ao mercado asitico, esta representatividade ainda mais expressiva, totalizando cerca de US$ 3,2 bilhes para pases como a China, Taiwan, Tailndia e Hong Kong.
As cidades que esto ao longo da Rota podem se aproveitar muito, ofertando aos ageiros produtos e servios. H um potencial para novos investimentos privados, o que contribuir para aumento de emprego, maior arrecadao fiscal para os municpios, incremento no setor de servios, em especial, o turismo. No entanto, este potencial vai demandar melhoria em infraestrutura, como postos de gasolina, hospedagem, bares e restaurantes, oficinas, lojas de peas automotivas, alm da qualificao da mo-de-obra.
Ainda h muitos desafios a serem superados. Em outubro, o Ministrio das Relaes Exteriores (MRE) do Brasil e a Unio Internacional dos Transportes Rodovirios (IRU) promoveram em Campo Grande o Seminrio "A utilizao de instrumentos de trnsito internacional para a dinamizao do Corredor Biocenico".
Por parte do MRE, coube ao ministro Joo Carlos Parkinson de Castro fazer a palestra sobre as possibilidades do novo corredor internacional e os benefcios da adeso do Brasil Conveno TIR - Sistema de trnsito internacional da ONU que permite o transporte de mercadorias atravs de vrios pases. Para ele, a implantao da Rota a concretizao da reconfigurao geoeconmica brasileira.
Com relao aos produtos que podero ser transportados pela Rota, Parkinson afirma que sero de maior valor agregado e que possam ser conteinerizados. O Corredor se presta essencialmente para a movimentao de cargas em contineres. Isto significa que poderemos ter leos de soja, protenas animais, algodo, celulose, por exemplo.
Para o ministro do MRE, o traado tortuoso da Rota pelos Andes, com altitudes superiores a 4 mil metros, com subidas e descidas, dificulta a movimentao de grandes carretas com cargas a granel. Na avaliao do diplomata brasileiro, a carga a granel s ser possvel se tiver avanos com a integrao ferroviria. Para isso, necessrio, a cooperao de pases como a Argentina, que promova investimentos no trecho de 50 km de Yacuiba (Bolvia) at Salta (Argentina) e que precisam ser reabilitados para o escoamento atravs da Malha Oeste, Ferrovia Boliviana Oriental e Belgrano Cargas Norte, complementa.
Em sua apresentao, o ministro Parkinson avalia que a Rota pode trazer uma reduo de custos de cerca de 49% podendo chegar at 68%, em comparao com o caminho tradicional pelo Atlntico, via os portos de Santos e Paranagu. Os produtos elencados, por ele, para atravessarem, via Rota Biocenica, so as frutas, crustceos, conservas, pescados, bebidas, acar, arroz, sucos e complexos de soja e milho.
J na avaliao do professor Francisco Bayardo Mayorquim Horta Barbosa, doutorando em Engenharia da Produo e docente da UFMS, as empresas que optarem em distribuir seus produtos pela Rota Biocenica vo ampliar mais facilmente suas operaes, provavelmente, em funo de um frete mais competitivo.
"A Rota se tornar competitiva para produtos como a carne bovina. Hoje, a carne produzida no Mato Grosso do Sul utiliza trs caminhos rodovirios para alcanar o Chile. O primeiro, via Foz do Iguau, no Paran; o segundo, via Dionsio Cerqueira, em Santa Catarina; e a terceira via por meio de So Borja, no Rio Grande do Sul. Praticamente, 50% sai pelo estado gacho at chegar a rea central do Chile. No estamos aqui nem comentando a carne que segue para a sia pelo porto de Paranagu, argumenta.
O traado tortuoso da Rota dificulta a movimentao de grandes carretas com cargas a granel - Foto: Slvio de Andrade
Para o professor Francisco, que estuda em seu doutorado a Contabilidade Ambiental, a Rota poder proporcionar ao Mato Grosso do Sul dobrar a quantidade de exportao de protena animal para o Chile.
Francisco analisa tambm que imprescindvel ter uma carga de retorno para baratear o frete. "Outros produtos esto na pauta de retorno, como por exemplo, o sal. Os gros no so competitivos para rodar 2 mil km at alcanar o Chile."
Ainda segundo o estudioso, outras cidades podem tambm se juntar capital como locais logsticos, o caso de Sidrolndia e Jardim, que podem se tornar pontos de apoio.
Ele acredita que os maiores desafios no contexto da Rota, ainda a qualificao profissional em regies como Porto Murtinho, alm da conectividade digital e postos de abastecimento de combustveis.
FONTE: Portal MS