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Organizaes cobram punio a agressores de indgenas e jornalistas 6h1t4m

Publicado em 26/11/2023 Editoria: Brasil


Foto CMI

Foto CMI

Guarani Kaiow, jornalista e antroploga foram agredidos em MS
Organizaes sociais cobram punio s pessoas que, nos ltimos dias, agrediram ao menos dois indgenas guarani kaiow de Mato Grosso do Sul, o jornalista canadense Renaud Philippe, 39 anos, a antroploga Ana Carolina Mira Porto, 38, e o engenheiro florestal Renato Farac Galata, 41.
Em nota conjunta divulgada na tarde dessa sexta-feira (24), dez entidades afirmam que as ocorrncias so graves e evidenciam a violncia a que os povos indgenas vm sendo submetidos em Mato Grosso do Sul. Para as organizaes, as ltimas denncias tambm reforam os recorrentes relatos a respeito da conduta da Polcia Militar no estado.
Documentaristas, Ana e Philippe afirmam ter sido agredidos por um grupo de homens encapuzados e armados enquanto trabalhavam no sudoeste de Mato Grosso do Sul, documentando o conflito fundirio que envolve comunidades indgenas e produtores rurais. Segundo o casal, as agresses ocorreram na tarde da ltima quarta-feira (22), em Iguatemi (MS).
Galata, que conheceu Ana e Philippe durante a assembleia do povo guarani kaiow, a Aty Guasu, que est ocorrendo em Caarap, a cerca de 140 quilmetros de Iguatemi, estava com o casal no momento em que o carro em que o trio viajava foi cercado por dezenas de homens armados e encapuzados.
No boletim de ocorrncia que registram na Delegacia de Amambai, Ana, Philippe e Galata afirmaram que deixaram a Aty Guasu em Caarap, com a inteno de ir a uma aldeia indgena em Iguatemi aps ouvir que dois indgenas da comunidade estavam desaparecidos.
Segundo a Articulao dos Povos Indgenas do Brasil (Apib), horas antes de Ana, Philippe e Galata serem agredidos pelo grupo de desconhecidos, dois indgenas, moradores da rea que os guarani kaiows chamam de Terra Indgena Pyelito Kue/Mbarakay, em Iguatemi, foram considerados desaparecidos. A dupla foi posteriormente encontrada ferida, mas, por segurana, as entidades indgenas no divulgaram seus nomes.
Em seus depoimentos Polcia Civil, Ana, Philippe e Galata contaram que, aps alcan-los e cerc-los, os agressores fizeram com que descessem do carro. Alguns dos homens mascarados aram a agredi-los, sobretudo Philippe, aps se identificar como jornalista e tentar explicar que ele, Ana e Galata estavam na regio a trabalho. O canadense diz ter recebido vrios chutes nas costas e costelas. Ele tambm afirma que um dos agressores cortou um pedao de seu cabelo com uma faca, ameaando fazer o mesmo com Ana.
De acordo com o trio, enquanto parte dos homens mascarados agredia, outros vasculhavam seus pertences pessoais. No boletim de ocorrncia, por roubo, consta que foram levados os aportes de Ana e Philippe, alm de cartes bancrios, um crach de identificao de jornalista internacional, duas cmeras e lentes fotogrficas, baterias, dois celulares, uma bolsa e outros objetos. As vtimas dizem ter sido ameaadas de morte caso no deixassem a regio no mesmo dia.
Alm da Apib, assinam a nota divulgada nessa sexta-feira as associaes Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e Brasileira de Antropologia (ABA); Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul; Conselho Indigenista Missionrio (Cimi); Comisso Pastoral da Terra (T Nacional); Servio Pastoral dos Migrantes (SPM); Campanha Contra a Violncia no Campo; Observatrio Nacional de Justia Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (Olma) e as comunidades guarani kaiow por meio da Aty Guasu.
As entidades que assinam esta nota manifestam solidariedade aos profissionais que foram covardemente agredidos e reafirmam o compromisso com a defesa dos direitos dos povos indgenas, afirmam as organizaes, ao reafirmar a certeza de que a superao da violncia decorrente da disputa por terras exige a urgente demarcao e homologao dos territrios tradicionais guarani kaiow.
A impunidade e a naturalizao da violncia devem ser enfrentadas com determinao, transparncia e firmeza por parte de todos os poderes pblicos. A apurao dos crimes deve chegar queles que incentivam, financiam, promovem e defendem a violncia contra os povos indgenas, defendem as organizaes.
A ministra dos Povos Indgenas, Sonia Guajajara, desembarcou ontem em Mato Grosso do Sul. Alm de promover a escolha, pelos prprios indgenas, de seus representantes no Conselho Nacional de Poltica Indgena (Cnpi), Sonia participa da Aty Guasu em Caarap. Em suas redes sociais, a ministra comentou a importncia da demarcao das terras indgenas, sem se referir s recentes denncias de agresses.
A demarcao de terras a principal sada para combater a violncia no campo. Enquanto Ministrio dos Povos Indgenas, estamos atuando pela pacificao da vida nos territrios brasileiros e isso a pelo dilogo, combate s notcias falsas e desinformao sobre nossas terras, modos de vida e, principalmente, pela luta pela demarcao, escreveu a ministra em sua pgina no Instagram.
Fui at a Terra Indgena Kunumi, em Caarap, para integrar a assembleia da Aty Guasu. Fizemos um amplo debate sobre as demandas do povo guarani kaiow, ouvindo atentamente as lideranas indgenas que relataram a violncia e violao de direitos que sofrem na regio, acrescentou a ministra.
O caso de Ana, Philippe e Galata est sendo acompanhado pelas defensorias pblicas da Unio (DPU) e de Mato Grosso do Sul (DPE-MS). Embora tenha atendido as vtimas e registrado um boletim de ocorrncia, a Polcia Civil deixou a investigao do caso a cargo da Polcia Federal, j que o fato ocorreu em contexto de disputa de terras envolvendo comunidades indgenas e em razo desse conflito.
A PF informou que j realizou diligncias nas localidades prximas ao local das agresses. Consultada pela Agncia Brasil, a embaixada do Canad informou que foi comunicada de que um cidado canadense foi agredido em Mato Grosso do Sul. "Funcionrios consulares no Brasil esto em contato com os indivduos e prestam assistncia consular. Devido a consideraes de privacidade, nenhuma informao adicional pde ser fornecida."


FONTE: Agncia Brasil

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