Preocupados com parentes, repatriados experimentam paz no Brasil 215m4n
Publicado em 15/11/2023
Editoria: Brasil
Grupo resgatado de Gaza se readapta aos dias sem os riscos da guerra
Aps mais de 30 dias de espera, os repatriados da Faixa de Gaza, que chegaram na noite de segunda-feira (13) em Braslia, puderam respirar aliviados. J sob os cuidados do governo brasileiro, relataram sentimento de alvio de terem conseguido sair da regio mais atingida pelo conflito Israel-Hamas.
Em conversa com a Agncia Brasil, eles contaram sobre a sensao de segurana e alvio que tiveram, e sobre as crianas poderem brincar ao ar livre momentos que no viviam desde o incio do conflito, em 7 de outubro.
No entanto, ainda temem por parentes e amigos que continuam nas reas em meio guerra, sem perspectiva de sada. A maioria relata j ter vivenciado conflitos, porm em intensidade menor do que a experimentada no ltimo ms. Estima-se que mais de 10 mil pessoas foram mortas na guerra at agora.
Mahmoud Abuhaluoub um dos palestinos a retornar ao Brasil. Em 2020, aps sete anos vivendo em territrio brasileiro, foi a Gaza para visitar a me idosa. Nas ltimas semanas, o comerciante conta que o cenrio era de prdios desmoronados, bombas em escolas e igrejas, que serviam de abrigos.
A gente no imagina que vai aguentar, disse. S ficamos ouvindo bombas, avies e ataques por cima, afirmou ao relatar um dos momentos mais tensos, quando tiveram de evacuar o norte de Gaza em direo ao sul, conforme determinou Israel.
Sobre o primeiro dia no Brasil, Abuhaluoub relaciona o pas com algo que lhe fez falta nas ltimas semanas em Gaza. Brasileiros sempre dizem que Brasil terra de paz. Hoje entendi essa palavra.
A jovem Shahed Albanna esperava completar 18 anos, o que ocorreu em setembro deste ano, para retornar ao Brasil. Porm, no houve tempo hbil para deixar Gaza antes da guerra eclodir, no incio de outubro. Ela, a irm mais nova e a me moravam em So Paulo e foram para o enclave. A me estava muito doente e desejava ar um tempo com parentes.
Ningum imagina estar numa situao dessa e de repente estar em uma guerra, conta.
Nos ltimos 37 dias, Shahed mostrou em vdeos e nas redes sociais as dificuldades dos brasileiros e palestinos na regio do conflito, como falta de gua, comida, energia e internet. Ela contou que a leitura foi uma das formas de aliviar os momentos de tenso.
Era difcil ar o tempo. ei o tempo lendo livros que gosto e brincando com as crianas para no sentirem tanto medo, lembrou.
A jovem est entre os repatriados que iro para um abrigo no interior de So Paulo. Ela e mais 25 pessoas embarcam nesta quarta-feira (15). Estou mais calma. Mas queria compartilhar essa felicidade com quem amamos, afirmou, em referncia aos amigos que ficaram em Gaza.
A gente acordou aqui com o barulhinho do arinho. L, no existe isso. S existe o bombardeio, descreveu Hasan Rabee sobre o primeiro dia no Brasil.
Ele, a esposa e as duas filhas foram os primeiros a desembarcar do avio da Fora Area Brasileira (FAB) na noite de segunda-feira.
Depois de mudar mais de sete vezes de lugar em Khan Younes, para fugir dos bombardeios, a famlia voltar a So Paulo, onde vivem desde 2014.
Voltamos e agora ganhar dinheiro para pagar o po das crianas, fala o comerciante, que trabalha com assistncia de celulares.
Hasan conta ter vivenciado conflitos anteriores, quando crianas, mas aponta que o atual o pior j visto. Segundo ele, a esposa e as filhas ficaram muito assustadas com o conflito. Fui para [Gaza] e nunca mais, disse.
FONTE: Agncia Brasil